O aumento do número de planos odontológicos no Brasil nos últimos anos tem gerado questionamentos entre dentistas e profissionais da odontologia sobre a viabilidade de atender pacientes por meio desses planos. 

Dúvidas acerca da lucratividade, da qualidade do atendimento e da relação com as empresas operadoras permeiam o dia a dia dos consultórios, impactando diretamente na gestão e na rentabilidade dos negócios.

Este artigo se propõe a oferecer uma análise abrangente e aprofundada sobre os planos odontológicos, abordando suas vantagens e desvantagens, seus impactos na rotina clínica e na gestão do consultório, além de estratégias para otimizar o relacionamento com as empresas operadoras e garantir a sustentabilidade do negócio.

Planos odontológicos: conceitos e características

Antes de mergulharmos nos meandros da relação entre dentistas e planos odontológicos, é fundamental esclarecer alguns conceitos básicos e características desse mercado em constante transformação.

O que são planos odontológicos?

Planos odontológicos, também conhecidos como planos dentais ou convênios odontológicos, são produtos oferecidos por empresas operadoras que visam garantir o acesso dos beneficiários a serviços odontológicos mediante o pagamento de mensalidades. Esses planos podem ser contratados de forma individual, familiar ou por empresas, geralmente como um benefício adicional aos seus colaboradores.

Tipos de planos odontológicos

No Brasil, existem diversos tipos de planos odontológicos, cada qual com suas próprias características e coberturas. Os mais comuns são:

• Planos com coparticipação: O paciente paga uma porcentagem do valor do procedimento, além da mensalidade do plano.
• Planos com coparticipação e franquia: O paciente paga uma porcentagem do valor do procedimento, além de uma franquia anual que deve ser ultrapassada para que o plano comece a cobrir os custos.
• Planos com livre escolha de profissionais: O paciente pode escolher livremente o dentista que irá atendê-lo, desde que este esteja credenciado na rede do plano.
• Planos com rede credenciada: O paciente só pode ser atendido por dentistas que estejam credenciados na rede do plano.

Coberturas dos planos odontológicos

A cobertura dos planos odontológicos varia de acordo com o tipo de plano, a operadora e o contrato específico. No entanto, de modo geral, os planos cobrem procedimentos básicos de odontologia preventiva e restauradora, como limpezas, radiografias, obturações e extrações. Alguns planos também podem oferecer coberturas para procedimentos mais complexos, como implantes dentários, ortodontia e cirurgias.

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Vantagens e desvantagens dos planos odontológicos para pacientes

Para os pacientes, os planos odontológicos oferecem diversas vantagens, como:

• Acesso a serviços odontológicos com custos previsíveis: As mensalidades do plano garantem o acesso a um pacote de serviços com custos predefinidos, evitando surpresas desagradáveis com contas altas no dentista.
• Prevenção de problemas bucais: A maioria dos planos oferece cobertura para consultas e exames preventivos, o que ajuda a identificar e tratar problemas bucais precocemente, evitando procedimentos mais complexos e dispendiosos no futuro.
• Rede de profissionais credenciados: Os planos odontológicos com rede credenciada facilitam a busca por um dentista, oferecendo uma lista de profissionais qualificados que podem atender o paciente.

No entanto, os planos odontológicos também apresentam algumas desvantagens, como:

• Cobertura limitada: Nem todos os procedimentos odontológicos estão cobertos pelos planos, e o paciente pode ter que arcar com custos adicionais para realizar procedimentos mais complexos.
• Tempos de espera: Em alguns casos, os pacientes podem ter que esperar um certo tempo para conseguir agendar uma consulta com um dentista credenciado na rede do plano.
• Qualidade do atendimento: A qualidade do atendimento pode variar de acordo com o dentista e com a clínica credenciada.

Vantagens de atender pacientes por planos odontológicos

Aumento da carteira de pacientes

Planos odontológicos, principalmente aqueles com rede credenciada, possibilitam o acesso a uma ampla carteira de pacientes que buscam atendimento dentro da rede referenciada. Isso é especialmente vantajoso para dentistas recém-formados ou aqueles que estão iniciando um novo consultório e ainda não possuem uma clientela fidelizada.

Fluxo de caixa previsível

O recebimento por consultas realizadas a pacientes de planos odontológicos costuma ser regular e menos sujeito a variações, pois os valores são preestabelecidos em contrato com a operadora do plano. Isso facilita o planejamento financeiro do consultório e garante maior estabilidade no fluxo de caixa.

Marketing e divulgação

O credenciamento em operadoras de planos odontológicos amplia a visibilidade do consultório para um público potencialmente interessado em serviços odontológicos. Muitas operadoras disponibilizam listas online com os dentistas credenciados, facilitando a localização do consultório por pacientes que buscam atendimento dentro da rede.

Possibilidade de fidelização

O atendimento de qualidade e a criação de um bom vínculo com o paciente fidelizam aqueles que possuem plano odontológico. Mesmo que futuramente o paciente deixe de possuir plano, a chance de ele retornar ao consultório particular para realizar procedimentos não cobertos pelo plano é maior.

Desvantagens de atender pacientes por planos odontológicos

Apesar das vantagens mencionadas, é importante destacar também as desvantagens associadas ao atendimento de pacientes por planos odontológicos:

Remuneração inferior

Geralmente, os valores pagos pelas operadoras de planos odontológicos por procedimentos realizados são inferiores aos valores cobrados em atendimentos particulares. Isso pode impactar na rentabilidade do consultório, principalmente se a quantidade de pacientes atendidos pelo plano não for suficiente para compensar a margem de lucro menor.

Burocracia

O credenciamento em operadoras de planos odontológicos costuma exigir trâmites burocráticos para o envio de documentação e a obtenção de autorizações para a realização de procedimentos. Além disso, o dentista precisa se adequar às normas e às tabelas de procedimentos estipuladas pela operadora do plano, o que pode demandar tempo e gerar certa insatisfação.

Limitação de autonomia

As operadoras de planos odontológicos possuem protocolos e diretrizes clínicas que devem ser seguidos pelos dentistas credenciados. Em alguns casos, isso pode limitar a autonomia do profissional na hora de definir o melhor plano de tratamento para o paciente, podendo haver discordâncias entre o plano de tratamento proposto pelo dentista e o que é autorizado pela operadora.

Gasto com materiais

Alguns planos odontológicos possuem tabelas de materiais que nem sempre cobrem o custo real dos insumos utilizados pelo dentista na execução dos procedimentos. Isso pode gerar um custo adicional para o consultório, que precisa arcar com a diferença entre o valor reembolsado pelo plano e o valor real do material utilizado.

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Relação com as operadoras de planos odontológicos

Diante das vantagens e desvantagens apresentadas, cabe ao dentista avaliar se o credenciamento em operadoras de planos odontológicos é uma estratégia vantajosa para o seu consultório. Caso a decisão seja positiva, algumas medidas podem ser tomadas para otimizar a relação com as operadoras e minimizar os impactos negativos:

Análise criteriosa dos contratos

É fundamental ler atentamente os contratos propostos pelas operadoras de planos odontológicos antes de assinar. Fique atento às cláusulas que estabelecem os valores de reembolso, as coberturas oferecidas, os prazos de pagamento e as exigências burocráticas.

Negociação de valores

Sempre que possível, negocie os valores de reembolso com as operadoras. Embora a margem de negociação possa ser limitada, alguns planos aceitam ajustes nos valores pagos por determinados procedimentos.

Controle rígido da documentação

É fundamental manter um controle rigoroso de toda a documentação referente aos pacientes atendidos por planos odontológicos. Isso inclui os planos de tratamento, as autorizações de procedimentos e as notas fiscais emitidas. Com a documentação em ordem, o dentista evita atrasos nos recebimentos.

Participação em auditorias

As operadoras de planos odontológicos costumam realizar auditorias para verificar a execução dos procedimentos realizados pelos dentistas credenciados. É importante estar preparado para responder a eventuais questionamentos e comprovar a execução dos procedimentos de acordo com o plano de tratamento aprovado.

Cadastro em múltiplas operadoras

Para diversificar a carteira de pacientes e reduzir a dependência de uma única operadora, o dentista pode considerar o credenciamento em múltiplas operadoras de planos odontológicos. É importante, no entanto, avaliar as características de cada operadora, como o público-alvo, a rede credenciada e os valores de reembolso oferecidos, para garantir que o credenciamento seja vantajoso financeiramente.

Estratégias para aumentar a rentabilidade

Mesmo com as desvantagens associadas ao atendimento de pacientes de planos odontológicos, algumas estratégias podem ser implementadas para aumentar a rentabilidade e minimizar o impacto na lucratividade do consultório:

Aumento do volume de atendimentos

Uma forma de compensar a remuneração inferior por procedimento é aumentar o volume de pacientes atendidos por planos odontológicos. Isso pode ser alcançado por meio de campanhas de marketing direcionadas a esse público ou pela otimização da agenda para reduzir o tempo ocioso entre consultas.

Oferecer serviços complementares

Nem todos os procedimentos odontológicos são cobertos pelos planos odontológicos. O dentista pode oferecer serviços complementares, como implantes dentários de marcas premium, lentes de contato dental ou clareamento dental a laser, que não possuem cobertura, mas agregam valor para o paciente e geram receita adicional para o consultório.

Foco na qualidade e no atendimento humanizado

Mesmo atendendo pacientes de planos odontológicos, é fundamental manter o foco na qualidade do atendimento e no desenvolvimento de um bom relacionamento com o paciente. Isso fideliza a clientela e aumenta a chance de o paciente retornar ao consultório particular para realizar procedimentos não cobertos pelo plano.

Gestão financeira eficiente

A adoção de práticas de gestão financeira eficiente é fundamental para a sustentabilidade do consultório, independentemente de se atender ou não pacientes de planos odontológicos. Isso inclui o controle de custos, a negociação com fornecedores e o acompanhamento do fluxo de caixa.

Investimentos em tecnologia

O uso de tecnologias como prontuários eletrônicos, softwares de gestão odontológica e sistemas de imagem digital pode agilizar o atendimento, reduzir erros e otimizar o tempo do dentista. Além disso, esses recursos auxiliam no controle da documentação e facilitam o processo de envio de solicitações de autorização para as operadoras de planos odontológicos.

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Considerações finais

A decisão de atender ou não pacientes por planos odontológicos é complexa e deve ser tomada de forma estratégica, considerando as especificidades do consultório, a realidade do mercado local e o perfil dos profissionais envolvidos. 

Ao avaliar as vantagens e desvantagens apresentadas neste artigo, o dentista pode tomar uma decisão embasada e, caso opte pelo credenciamento em operadoras de planos odontológicos, pode implementar as estratégias sugeridas para otimizar a relação com as operadoras e garantir a lucratividade do seu negócio.

Além dos pontos abordados, é importante ficar atento às constantes mudanças que ocorrem no mercado de planos odontológicos. Novas modalidades de planos surgem com frequência, e as operadoras estão sempre buscando formas de reduzir custos. 

Por isso, é fundamental que o dentista se mantenha atualizado sobre as tendências do setor e busque sempre negociar as melhores condições para o seu consultório.

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